quarta-feira, 30 de maio de 2007

Loucura Total

Maratona de Portalegre
A maior prova da BTT alguma vez realizada em Portugal



O espectáculo foi inesquecível. Até o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias – convidado de honra da organização (Ases do Pedal) para dar a partida, ficou boquiaberto com o imenso ‘mar’ de capacetes e de bicicletas junto ao parque do Núcleo Empresarial da Região de Portalegre. Aos micros de uma rádio local, o governante dizia-se espantando com o número de participantes no evento. È que 15 minutos depois do início da maratona ainda não tinha passado o último dos mais de 4700 inscritos. “Vamos olhar para esta modalidade de forma diferente”, prometeu Laurentino Dias.



Sempre a subir
Antes da primeira, e longa, subida que levou os betetistas até ao pico da Serra de São Mamede (a mais de 1000 metros de altitude) assistiu-se nos primeiros quilómetros a um desfile de milhares de camisolas colorida pelo IP2 e por algumas avenidas da cidade de Portalegre. Nas bermas da estrada, centenas de amigos e familiares do betetistas, bem como populares da região de Portalegre, ‘puxavam’ pelos atletas com palavras de incentivo.
O alcatrão ficou para trás depois de completada mais de uma dezena de quilómetros. Já em pleno Parque Natural da Serra de São Mamede, os participantes iniciaram o primeiro de muitos caminhos e trilhos rurais que os levavam até ao ponto mais alto da Serra – no caso da maratona de 100 quilómetros. Mas, quem pensava que iria andar em cima da bike estava bem enganado. “Isso é só para os primeiros. Quem estava a meio do local da partida já apanha esta fila”, dizia um dos betetistas que estava integrado num grupo de alentejanos proveniente dos arredores de Évora.
Passado o primeiro e único engarrafamento seguiu-se uma ‘ligeira’ descida para depois se iniciar a subida final até ao pico da serra. Aos 900 metros de altitude surgia então o local de separação entre a maratona (100 quilómetros) e a meia-maratona (55 quilómetros).



No Alto do Alentejo
Apesar da chuva que caiu na semana que antecedeu a prova os caminhos apresentavam-se em boas condições. A subida até à serra decorreu sem grandes problemas e muitos betetistas, sem saber o que os aguardava, resolveram acelerar um pouco mais nesta parte do percurso. O pior veio depois.
Já nos 1000 metros de altitude e de barriga cheia com o abastecimento seguiu-se uma longa e duríssima descida até Porto da Espada, freguesia de Marvão. A pedra solta, os ‘rasgos’ no terreno provocados pela chuva e o sol eram os principais obstáculos para os betetistas. Chegados à povoação seguia-se uma difícil subida em calçada. Depois foram longos quilómetros de paisagens espectaculares para as encostas da serra e para a região extremenha de Espanha. Ao sobe e desce constante ao longo da linha que divide os dois países ibéricos, seguiu-se na zona da Rabaça uma longa ‘parede’ em alcatrão. Nesta fase muitos dos participantes já tinha deixado de lado a bike. Outros faziam o percurso a pé.
Aos 80 quilómetros, em Alegrete, chegava a parte mais fácil do percurso. A maioria do acumulado de subidas já tinha ficado para trás. Mas, apesar dos estradões, propícios para rolar, muitos betetistas já não tinham forças para percorrer os últimos 27 quilómetros a um ritmo elevado. Nesta fase dominavam as cãibras e a desidratação. Valeu, nos abastecimentos, as laranjas e a água.
Para terminar, os Ases voltaram a fazer das suas. Desta vez as últimas subidas levaram os participantes ao bairro do Atalaião, com uma passagem pelo interior da fábrica de cortiça ‘Robinson’. A meta estava mais uma vez instalada no jardim do Tarro.
Todo os que terminaram a prova só conseguiam articula no final uma frase: “grand’a dureza!!!”
Foram 107 quilómetros, mais de 2600 metros de desnível de subida acumulada, outros tantos de descida, longas subidas e quilómetros e quilómetros de caminhos com pedra solta. Apesar da ‘dureza’ da prova, muitos betetistas deixaram uma certeza: “para o ano cá estarei’

Texto e fotos: Alexandre M. Silva




Classificação
100 KM
1 – Marco Sousa – 04:59:16
2 – Hélio Ramos – 04:59:19
3 – João Marinho – 04:5927

55 KM
1 – Pedro Lacão – 02:30:49
2 – Carlos Cabrita – 02:32:08
3 – Eugénio Perdiz – 03:32:13

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa reportagem.
Felicidades e força para continuar com o blog...
Um abraço.